terça-feira, 16 de novembro de 2010

FILOSOFIA

TEXTO - 4º BIMESTRE 2010
As concepções da verdade e a História

As várias concepções da verdade que foram expostas estão articuladas com mudanças históricas, tanto no sentido de mudanças na estrutura e organização das sociedades, como quanto no sentido de mudanças no interior da própria Filosofia.
Assim, por exemplo, nas sociedades antigas, baseadas no trabalho escravo, a idéia da verdade como utilidade e eficácia prática não poderia aparecer, pois a verdade é considerada a forma superior do espírito humano, portanto, desligada do trabalho e das técnicas, e tomada como um valor autônomo do conhecimento enquanto pura contemplação da realidade, isto é, como theoria.
Nas sociedades nascidas com o capitalismo, em que o trabalho escravo e servil é substituído pelo trabalho livre e em que é elaborada a idéia de indivíduo como um átomo social, isto é, como um ser que pode ser conhecido e pensado por si mesmo e sem os outros, a verdade tenderá a ser concebida como dependendo exclusivamente das operações do sujeito do conhecimento ou da consciência de si reflexiva autônoma.
Também nas sociedades capitalistas, regidas pelo princípio do crescimento ou acumulação do capital por meio do crescimento das forças produtivas (trabalho e técnicas) e por meio do aumento da capacidade industrial para dominar e controlar as forças da Natureza e a sociedade, a verdade tenderá a aparecer como utilidade e eficácia, ou seja, como algo que tenha uso prático e verificável. Assim como o trabalho deve produzir lucro, também o conhecimento deve produzir resultados úteis.
Numa sociedade altamente tecnológica, como a do século XX ocidental europeu e norte-americano, em que as pesquisas científicas tendem a criar nos laboratórios o próprio objeto do conhecimento, isto é, em que o objeto do conhecimento é uma construção do pensamento científico ou um constructus produzido pelas teorias e pelas experimentações, a verdade tende a ser considerada a forma lógica e coerente assumida pela própria teoria, bem como a ser considerada como o consenso teórico estabelecido entre os membros das comunidades de pesquisadores.
A verdade, portanto, como a razão, está na História e é histórica. Também as transformações internas à própria Filosofia modificam a concepção da verdade. A teoria da verdade como correspondência entre coisa e idéia, ou fato e idéia, liga-se à concepção realista da razão e do conhecimento, isto é, à prioridade do objeto do conhecimento, ou realidade, sobre o sujeito do conhecimento. Ao contrário, a concepção da verdade como coerência interna e lógica das idéias ou dos conceitos liga-se à concepção idealista da razão e do conhecimento, isto é, à prioridade do sujeito do conhecimento ou do pensamento sobre o objeto a ser conhecido.
As concepções históricas e as transformações internas ao conhecimento mostram que as várias concepções da verdade não são arbitrárias nem casuais ou acidentais, mas possuem causas e motivos que as explicam, e que a cada formação social e a cada mudança interna do conhecimento surge a exigência de reformular a concepção da verdade para que o saber possa realizar-se.
As verdades (os conteúdos conhecidos) mudam, a idéia da verdade (a forma de conhecer) muda, mas não muda a busca do verdadeiro, isto é, permanece a exigência de vencer o senso-comum, o dogmatismo, a atitude natural e seus preconceitos. É a procura da verdade e o desejo de estar no verdadeiro que permanecem. A verdade se conserva, portanto, como o valor mais alto a que aspira o pensamento.

Bibliografia:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SOCIOLOGIA

TEXTO - 4º BIMESTRE 2010

Afinal, o que é sociologia?
A sociologia: compromisso com o conhecimento:
Como você pôde compreender, a sociologia nos auxilia a entender os vários aspectos da formação de um cidadão consciente e atuante. As problematizações de vários aspectos da vida social e a subseqüente reflexão sobre eles provavelmente provocaram mudanças no modo de ver ou de considerar os acontecimentos sociais.
Nesse sentido, avaliamos que estudar a sociedade é completamente diferente de estudar o mundo físico, ou seja, a sociedade não é um fato natural, mas uma construção social. Por exemplo: a pobreza e a exclusão social são fenômenos sociais e, como tais, decorrentes tanto da estrutura social quanto da ação dos diferentes agentes sociais. Como exemplo de instituições familiares que sofreram com grandes modificações no transcorrer do processo histórico.
A constituição da família está diretamente relacionada com aspectos primordiais da vida social: ou antes, com o modo de organização da própria sociedade. Assim, a organização da vida familiar não depende apenas das escolhas dos responsáveis por ela (geralmente um homem e uma mulher), mas da própria organização da vida social. Isso significa que a família continua a transformar-se: as modificações ocorridas em seu interior representam uma tendência social. A atual propensão para o desaparecimento das famílias numerosas, que são substituídas por famílias menores, compostas por até quatro pessoas, constitui um novo fenômeno social, assim como, é normal famílias que optam por não terem filhos.
Outro fenômeno é o número de pessoas que moram sozinhas. Morar sozinho ou manter um relacionamento amoroso são alternativas sociais, não cabendo a sociologia julgá-las, e sim compreendê-las no âmbito dos processos históricos-sociais.
Contudo, somente é possível as transformações sociais se estes estiverem associados à construção da cidadania e à expansão e à consolidação dos valores democráticos. O papel da escola na formação dos indivíduos é fundamental até porque ela é uns dos poucos instrumentos possíveis para a formação do cidadão e para o acesso aos principais postos do mercado de trabalho.
A investigação sociológica não privilegia apenas a relação entre o indivíduo e a sociedade nem se contenta em estudar as principais instituições sociais, como a família e a escola, mas também se volta para a análise das grandes estruturas sociais, como o Estado ou os processos econômicos. Ou seja, a Sociologia comporta tanto uma visão micro quanto uma visão macro de mundo.
Os estudos sociológicos também ensinam a desconfiar das aparências sociais ou de valores dominantes, demonstrando que a visão do senso comum sobre a sociedade pode ser enganosa, preconceituosa ou estereotipada. A sociologia mostra que o mundo social nem sempre é realmente como aparece à primeira vista. Isso equivaleria, no campo das ciências naturais, a considerar verdadeiro o que se manifesta de imediato aos sentidos: um pesquisador que procedesse desse modo não hesitaria em dizer que a Terra seria o centro do mundo e que o sol gira ao redor dela!
A aparência social constitui a ideologia de um grupo, podendo se expressar na linguagem, na ordenação sintática das frases, nos chavões e clichês sociais, nas piadas, nas frases, nos slogans sociais, etc.
Como podemos perceber, a Sociologia é uma disciplina que tenta a todo instante captar as contradições sociais e acompanhar em certa medida o dinamismo da sociedade, para que a partir daí possa conhecer mais de perto o homem e todo seu contexto social.

Blibliografia:
Cristina, Débora de., Faroni, Alexandre. Ser Protagonista – Sociologia. Vol. Único.2010. Ed. SM.
Adaptação de texto Luciano Tavares To
rres.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

3o BIMESTRE... CHEGOU!

Política e religião

A violência está presente em nosso cotidiano – inclusive assumindo formas dissimuladas. Ela reina na periferia das grandes cidades, envoltas numa guerra civil diária não assumida pelas autoridades; ela é prevista e legitimada no poder político, isto é, constitui uma das funções do Estado, mesmo o democrático. Qual Estado pode abrir mão do recurso da coerção e de todos os
meios necessários para forçar os cidadãos a obedecer a ordem dominante?
Tudo isso parece não existir para determinados indivíduos que vivem no mundo das nuvens e reduzem as contradições sociais à eterna luta do bem contra o mal. Como que num transe coletivo, mas que paradoxalmente objetiva a salvação individual, estes guardiões da moral e dos bons costumes adotam uma postura apolítica e voltam-se para o intimismo. São profetas bem intencionados que constroem a cidade de Deus, isto é, cuidam das suas almas. As questões sociais que assolam este país passam ao largo. Sobram discursos que garantem audiência e, por trás da histeria coletiva e individual, cada um busca sua própria salvação, ainda que afirmem amar ao próximo! Eles se aglomeram e oram, mas se limitam ao individualismo egoístico espiritualizante.
Ledo engano! A individualização das soluções para problemas terrenos, sociais, econômicos e políticos, deslocados para um plano transcendental e intimista também cumpre um papel político: alivia a pressão e funciona como uma espécie de anestesia coletiva. Afinal, este intimismo religioso não questiona a realidade social desigual e desumana, nem inquire sobre os responsáveis por tal situação. Induz ao conformismo! Que se entregue à divindade o bônus e o ônus! Ele assim o quis, assim o será! Que as coisas permanecem como estão; a nossa recompensa está no além. Essa mensagem de resignação é mais antiga do que parece. [4] Ontem como hoje, os poderosos agradecem a tais profetas.
Eis como a religião no mundo atual adentra na política: afastando-se desta ou procurando instrumentalizá-la em nome de uma moral fundamentalista. Esta postura individualista e/ou conservadora é a resposta aos que vêem na religião uma força que deve se aliar à política para construir o reino de Deus aqui na terra, mas numa perspectiva coletivista e que pressupõe uma opção política pelos pobres e oprimidos.
O senso comum diz que religião e política não se discutem. Pelo contrário, precisamos refletir sobre a relação entre violência e política e, por outro lado, entre estas e a religião. Um simples olhar sobre a história da humanidade evidenciará a simbiose existente entre política, religião e violência. Como podemos esquecer, por exemplo, a barbárie dos ‘santos inquisidores’ de ontem e de hoje, uns em nome de Deus, outros em nome da razão do Estado? E o horror da noite de São Bartolomeu? Que seria dos conquistadores da nossa América se não utilizassem os recursos da Santa Madre? Seria a violência política suficiente para subjugar os povos dessas terras? E não foi a religião o cimento ideológico que justificou barbaridades como a escravidão do negro e a submissão secular da mulher? O puritanismo protestante foi empecilho para a dizimação dos povos indígenas na América do Norte? E as risíveis cenas, se não fossem trágicas, de religiosos, de um e outro lado, santificando exércitos em guerra?
Gostemos ou não, política, violência e religião entrelaçam-se em diversos contextos históricos. Há mesmo determinadas circunstâncias onde estão de tal forma amalgamados que é difícil distinguí-los. Assim, a luta entre o Parlamento e a Coroa inglesa no século XVII parece, ao estudioso desavisado, simples disputa religiosa entre puritanos, anglicanos e católicos. O mesmo podemos observar quanto ao conflito histórico entre protestantes e católicos na Irlanda e entre palestinos e israelenses no oriente médio. Em ambos os casos, fatores político-sociais secularmente sedimentados e influenciados pelas mudanças na política internacional produziram realidades complexas com problemas aparentemente insolúveis fora do recurso à violência. E mesmo quando busca-se uma solução pacífica, resultante das pressões políticas internas e externas dentro de uma nova realidade internacional, a violência não está descartada. E tudo parece uma disputa religiosa...
Os exemplos são muitos. Podemos encontrá-los inclusive em nossa história. Para não nos alongarmos, lembremos apenas que nossa frágil democracia conheceu poucos períodos onde pôde desenvolver-se pacificamente. Na República Velha, a oligarquia cafeeira tratou a questão social como caso de polícia e teve que enfrentar a revolta armada da classe média da época: o movimento tenentista. Esse movimento gerou a ‘Revolução de 30’, um ato violento que, entre outras coisas, fecundou o Estado Novo. Na ditadura estadonovista de Vargas, cristãos que simpatizavam com os americanos ou com os nazi-fascistas se uniram contra o inimigo comum, identificado com o próprio demônio na terra: o comunismo. A política, de novo, recorreu aos valores morais-religiosos para justificar o regime de exceção e a repressão.
Na segunda metade dos anos 40 tivemos a ilusão democrática da legalidade para os comunistas. Parecia então que o demônio fora exorcizado. Sabemos o final desta história: nova onda repressiva, ilegalidade, clandestinidade. A democracia da guerra fria, em nome da liberdade e dos valores democráticos, inverte a ordem dos valores: antidemocráticos são os outros, os comunistas. Dessa vez, porém, não precisou recorrer à religião (pelo menos não diretamente).
Em 1964 a religião foi novamente utilizada na cruzada contra os esquerdistas — o que na época significa avanços das lutas dos trabalhadores. As madames católicas saíram às ruas em marcha fortalecendo a base social golpista; a cúpula da Igreja silenciou e/ou apoiou os golpistas. Mas, também é verdade que setores minoritários dessa mesma Igreja adotaram uma postura corajosa e favorável aos explorados e oprimidos, contra o golpe militar, pela democracia e por uma sociedade justa e igualitária. De qualquer forma, política, violência e religião mesclam-se.
Política e violência unem-se ainda na resistência ao golpe. De um lado a repressão militar, as torturas, os desaparecimentos de filhos e filhas da nossa terra; de outro, a ilusão de que o povo enfrentaria em armas a ditadura militar impulsionado pelo exemplo da sua vanguarda. Às mães e pais desses jovens que sucumbiram nas garras do aparato repressivo estatal e paraestatal restaram a dor e a triste realidade de quem nem tem o corpo querido sobre o qual chorar. Para os que professam a fé restava o consolo da religião.
A democracia que temos foi regada com sangue. Não podemos esquecer o passado. Temos a obrigação de legar às futuras gerações uma história que, quando muito, é tratada nos livros e bancos escolares. Lembremos dos que, com erros e acertos (mas só erra quem age) dedicaram a vida ao povo, ao sonho de uma vida melhor para os excluídos da cidadania. Ontem tratados como terroristas, hoje como subversivos e outros epítetos. Seus nomes são vários. Lembremos de dois: Carlos Marighella, assassinado pela ditadura em 04 novembro de 1969; e, Santo Dias, assassinado pela polícia sob o governo Maluf em 30 de outubro de 1979. Um, guerrilheiro e comunista; outro, operário metalúrgico, militante da Pastoral Operária. Eis a política, a violência e a religião em ação...

terça-feira, 17 de agosto de 2010

SOCIOLOGIA

3º Bimestre

A escola e o controle social


Você já pensou como seria a sociedade se não houvesse normas e regras baseadas nos valores aceitos e já consagrados por ela e que devem ser seguidas por todos? Certamente seria difícil ou até mesmo impossível pensar em socialização sem essas bases. É por isso que a própria sociedade cria mecanismos para coagir os indivíduos a se comportarem de acordo com esses princípios estabelecidos. Espera-se que cada um desempenhe seus papéis sociais. Quando isso não acontece faz-se necessário algum tipo de controle, que pode ser social ou individual.
Percebeu que tipo de relação está por trás do que está se discutindo? Acertou! É uma relação de poder, na qual alguém que exerce o poder impõe aos outros indivíduos o seu ponto de vista ou as suas regras. Mesmo quando está se falando em sociedade, sempre há alguém que efetivamente desempenha o papel de controlar os demais. Mas é interessante observar que o controle social não tem um agente específico; pelo contrário, pode acontecer de várias formas.
Segundo Lenhard, padrões sociais de comportamento são “regularidades que a sociedade impõe mediante uma coação que pode variar entre intensa e aberta, por um lado, e suave e sutil, por outro”. (1985,p81). Ainda de acordo com o autor, esses padrões “diferenciam-se, uns dos outros, segundo o grau de obrigatoriedade com que são impostos e segundo a sua persistência”(p.81). Assim, o que se pode entender é que esses modelos de comportamento que servem de base para o desenvolvimento do grupo social e para avaliação do próprio grupo estão profundamente ligados a questão de poder. Uma vez que pode haver imposição de um padrão de comportamento, podemos concluir que haverá algum ou um determinado grupo que dispõe de mecanismos para conseguir isso e que esses estão baseados numa relação de força estabelecida de acordo com o desejo e/ou interesse de quem exerce o poder.
Esse aspecto é importante para entendermos porque certos comportamentos considerados desviantes podem ser tão fortemente combatidos: eles podem abalar a ordem estabelecida e até mesmo questionar a própria estrutura de poder. Segundo o grau de obrigatoriedade dos padrões de comportamento, podem ser definidos por usos, costumes, moral e lei. Pense numa escala crescente em termos de constrangimento ou da força que é imposta ao indivíduo, vamos dos costumes às leis, sendo essa forma a que mais se aproxima da obrigação. Todos somos obrigados a respeitar certas leis; entretanto, entendemos que nem todas, caso sejam desrespeitadas, implicam em danos morais sérios para o grupo social.
Os costumes chamados de mores pelos sociólogos, tem uma forte conotação moral, estão ligados ao que a sociedade considera como sendo o aceitável. Finalmente, os usos são aqueles padrões seguidos pelos membros de um grupo de uma forma quase “natural”, sem que haja a necessidade de imposição social mais explícita. É o caso, por exemplo, de se respeitar os horários convencionais pelo grupo para se fazer as refeições. Os usos e costumes mudam mais rapidamente e com mais facilidade do que as leis, as quais demandam muitas discussões antes de serem alteradas.
A persistência ou a mudança de padrões de comportamento dependerá bastante da importância que a sociedade dá para certos valores, podendo mudar com facilidade ou até mesmo transformar-se num tipo de tradição.


Padrões sociais de comportamento

Os padrões sociais de comportamento são construídos historicamente ao longo do desenvolvimento da sociedade, de acordo com o contexto de cada época. As regras, normas e valores sociais não são estáticos. Bem, isso você já sabe não é? Mas é importante lembrar que não deixam de existir em momento algum; apenas são substituídos por outros, mais adequados à conjuntura do momento. E, é claro, nem sempre as coisas mudam tão rapidamente. Às vezes, é preciso muito tempo ou alguma transformação radical na estrutura da sociedade para que se possa perceber que as regras do jogo mudaram. Sim, do jogo, porque a vida em sociedade não deixa de ser um jogo, no qual cada peça desempenha um papel e tem uma função específica.
É por meio do controle social que a sociedade, por meio de seus agentes socializadores, consegue pressionar seus membros no sentido de apresentarem o comportamento esperado de acordo com os papéis que cada indivíduo desempenha, sempre no sentido de reforçar as atitudes e os valores permitidos e aceitos socialmente. A persuasão ou a coersão serão os meios utilizados na maioria das vezes para exercer o controle sobre os membros da sociedade, reforçando as atitudes “adequadas”.
Uma das formas de controle social mais eficazes na atualidade são os meios de comunicação de massa, especialmente a mídia eletrônica. Como você sabe, o fornecimento de modelos de comportamento e de atitudes encontra nessa forma de comunicação um agente de socialização. Para o bem e para o mal, digamos assim, de modo geral contribui para consolidar uma sociedade pautada no consumismo, no imediatismo e na transmissão e debates de fatos importantes para a sociedade. Dessa maneira não deixa de exercer seu papel educativo, mesmo que nem sempre esteja contribuído para a formação e/ou consolidação da cidadania da população.
Mas como estabelecer o que é um comportamento “adequado”? É pelo processo de socialização que se aprende, desde criança, como devemos nos comportar em cada situação social, tendo quase sempre um referencial para isso, que normalmente é a família, ao lado da escola. Esses padrões regulares de comportamento podem ser determinados pelos diversos agentes de socialização sujeitos às mudanças decorrentes de uma nova configuração do poder, de acordo com os interesses do estrato social dominante.
É importante lembrar que esses comportamentos ditos adequados estão fortemente relacionados ao que se entende por papel social já que as normas e regras de condutas são estabelecidas de acordo com as expectativas em torno da(s) função(ões) que o indivíduo tem na sociedade. É o papel social que de certa maneira “amarra” os sistemas de conduta, dando-lhes legitimidade e garantindo a estabilidade social. Na medida em que o indivíduo não consiga se adequar e/ou não aceite o (s) papel(eis) que lhe foi (foram) atribuído(s), pode reagir de forma a desestabilizar o sistema social como um todo provisória ou permanente.
Isso quer dizer que nem sempre é possível manter um nível de relacionamento baseado na harmonia, uma vez que cada indivíduo estará sempre em busca de satisfação dos seus próprios interesses. Por mais que entenda como fundamental manter um comportamento dentro do que se espera, a partir dos papéis sociais que desempenha, a partir da posição social que ocupa por conta da valorização desses papéis, em algum momento pode começar a achar que deve ou precisa mudar. E o primeiro sinal de mudança poderá ser visto já no seu comportamento.

Bibliografia:
- Demeterco, Solange Menezes da Silva. Sociologia da educação. Curitiba: IESDE Brasil S.A. 2006. 96p.

domingo, 20 de junho de 2010

O que é política?

SEGUNDO BIMESTRE

Olá, galera!

Segue o texto sobre política para a prova! Leiam com bastante atenção e deixem seus comentários, é muito importante a participação de todos!
Abraços,
Luciano.

O que é política?

Este é um tema bastante profundo e importante para discutirmos coletivamente. Vivemos hoje em um momento em que a política é questionada e desprezada, pois ela, muitas vezes, é confundida com as ações de alguns maus políticos.

Mas, afinal, O que é política?

O termo política é derivado do grego antigo e se refere a todos os procedimentos relativos à pólis, à Cidade-estado. Na Grécia antiga, em cidades como Atenas, os cidadãos livres participavam das assembléias para discutirem os problemas comuns a todos e tomavam decisões com o objetivo de solucioná-los.
Baseado nesta experiência, Aristóteles, um dos maiores sábios gregos, dizia que política é a ciência e a arte do bem comum. Para ele a cidade deveria ser governada em proveito de todos, e não apenas em proveito dos governantes ou de alguns grupos. Segundo o filósofo, a política é a ciência que tem por objetivo a felicidade humana e divide-se em duas partes: a ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na Cidade-Estado, ou pólis), e a política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva). Dizia Aristóteles:

"Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem; se todas as comunidades visam algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas e que inclui todas as outras, tem mais que todas, este objetivo e visa ao mais importante de todos os bens; ela se chama cidade e é a comunidade política" (Pol., 1252a).

Tomás de Aquino, filósofo medieval, dizia que política é a arte de governar os homens e administrar as coisas, visando o bem comum, de acordo com as normas da reta razão. Para Nicolau Maquiavel, em O Príncipe, política é a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o próprio governo.

Segundo a autora Hannah Arendt, filósofa alemã (1906-1975), política "trata-se da convivência entre diferentes", pois "baseia-se na pluralidade dos homens". Segundo nos informa, a idéia de política e de coisa pública surge pela primeira vez na polis grega, mais especificamente em Atenas, considerada o berço da democracia. O conceito está intimamente ligado à idéia de liberdade que, para o grego, era a própria razão de viver.

Utilizando o conceito grego de política, Arendt nos diz que a política deve organizar e regular o convívio dos diferentes e não dos iguais. Para os antigos gregos, não havia distinção entre política e liberdade e as duas estavam associadas à capacidade do homem de agir em público, que era o local próprio do político.
A filósofa diz ainda:

"A política, assim aprendemos, é algo como uma necessidade imperiosa (imprescindível) para a vida humana e, na verdade, tanto para a vida do indivíduo maior para a sociedade. Como o homem não é autárquico, porém depende de outros em sua existência, precisa haver um provimento da vida relativo a todos, sem o qual não seria possível justamente o convívio. Tarefa e objetivo da política é a garantia da vida no sentido mais amplo".

Para ela, a tarefa da política está diretamente relacionada com a busca pela felicidade.

Podemos afirmar que o homem é um ser essencialmente político. Todas as nossa ações são políticas e motivadas por decisões ideológicas. Tudo que fazemos na vida tem conseqüências e somos responsáveis por nossa ações. A omissão, em qualquer aspecto da vida, significa deixar que os outros escolham por nós. Devido à desinformação ou desilusão relacionadas às suas expectativas, muitas pessoas dizem categoricamente que não gostam de política. Essas pessoas, não têm idéia do prejuízo que estão gerando para si mesmas e para o grupo social. Seria importante que todos compreendessem que seu desinteresse equivale a renunciar à cidadania.

Platão, filósofo grego, discípulo de Sócrates dizia: - Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política. Simplesmente serão governados por aqueles que gostam.

Nossa ação política está presente em todos os momentos da vida, seja nos aspecto privado ou público. Vivemos com nossa família, nos relacionamos com as pessoas no bairro, na escola, somos parte integrantes da cidade, pertencemos a um Estado e País, influímos em tudo o que acontece em nossa volta. Podemos jogar lixo nas ruas ou não, podemos participar da associação do nosso bairro ou trabalhar como voluntários em uma causa em que acreditamos. Podemos votar em um político corrupto ou votar num bom político, precisamos conhecer melhor propostas, discursos e ações dos políticos que nos representam.

Não podemos pensar que política é somente o ato de votar ou aquilo que influencia um grande número de pessoas. Estamos fazendo política quando exigimos nossos direitos de consumidor, quando nos indignamos ao vermos nossas crianças fora das escolas sendo massacradas nas ruas. Conhecemos o Estatuto da Criança e do Adolescente? Ou o Código do Consumidor? A nossa Constituição? Respeitamos as leis de trânsito?

A política está presente cotidianamente em nossa vidas: na luta das mulheres contra uma sociedade machista que discrimina e age com violência; na luta dos portadores de necessidade especiais para pertencerem de fato à sociedade; na luta dos negros discriminados pela nossa "cordialidade"; dos homossexuais igualmente discriminados e desrespeitados; dos índios massacrados e exterminados nos 500 anos de nossa história; dos jovens que chegam ao mercado de trabalho saturado com de milhões de desempregados; na luta de milhões de trabalhadores sem terra num país de latifúndios; enfim, na luta de todas as minorias por uma sociedade inclusiva que, se somarmos, constituem a maioria da população. Atitudes e omissões fazem parte de nossa ação política perante a vida. Somos responsáveis politicamente (no sentido grego da palavra) pela luta por justiça social e uma sociedade verdadeiramente democrática e para todos.

Para atuar politicamente e, assim, influenciar o poder, cada cidadão e cidadã deve se conscientizar, informar-se, ouvir, ler, falar, debater, estudar e procurar formar sua opinião sobre os diferentes problemas. Com consciência política estaremos preparados para votar, fazer sugestões, acompanhar os trabalhos dos nossos parlamentares, exigir e reagir quando for necessário.

terça-feira, 11 de maio de 2010

SEGUNDO BIMESTRE



Nascido em Roma, Rafael Sanzio foi um dos maiores artistas renascentistas. O fresco "A Escola de Atenas", retratado acima, é uma alegoria que representa a continuidade histórica do pensamento da Academia de Platão através de várias personalidades do mundo matemático e filosófico grego. Na obra, o pintor deu grande ênfase à matemática, em particular, ao número, à razão e à harmonia.

Quer saber quem é quem?

Platão, Euclides, Heraclito, Pitágoras

Texto: Introdução ao pensamento filosófico

SEGUNDO BIMESTRE
O que é Filosofia?



A coruja, Ave de Minerva, é o símbolo da Filosofia. O filósofo Hegel escreveu que, assim como a coruja levanta vôo ao anoitecer, também a Filosofia e os grandes filósofos surgem em momentos em que a sociedade humana começa a anoitecer, a entrar em crise...


No seu sentido mais comum, o substantivo filosofia ou o verbo filosofar tem a ver com pensamento ou com o ato de pensar. Filosofar é pensar sobre o que nos acontece, sobre o sentido do que nos acontece ou sobre o significado da vida humana. Alguns dizem que se tem uma “filosofia de vida”. Mas este significado do termo certamente é muito amplo e vago. Há um sentido menos comum, em que filosofar significa saber viver com sabedoria, de acordo com uma doutrina, com uma Filosofia. Assim há, por exemplo, sabedorias diferentes daquelas que conhecemos no mundo ocidental, como as dos sábios orientais Confúcio e Lao Tsé (China), Buda (Índia) e Zaratustra (Pérsia), mas as suas doutrinas ainda estão vinculadas à religião, e não caracterizadas pelo uso da razão, pela racionalidade.

Existe, porém, um sentido mais específico e preciso de filosofar: procurar e/ou encontrar a verdade por meio de uma atividade racional. E a gente encontra a verdade porque precisa e deseja sabê-la. E a verdade é necessária para viver. Mas nem todas as perguntas que fazemos são perguntas filosóficas, como nem todas as respostas são respostas filosóficas. Não é “filosófico” saber: “que dia é hoje?”, mas é filosófico perguntar: “o que é o tempo?” O que é a verdade? O que é a mentira? O que é a liberdade? O que é a razão? São todas perguntas filosóficas. E sabemos que nem todos estão acostumados a fazê-las e tampouco consideram que sejam perguntas importantes.



A ATITUDE FILOSÓFICA


Podemos dizer que filosofar é ter uma “atitude filosófica”. Mesmo que digamos que “de filósofo e louco todo mundo tem um pouco”, de fato são poucos os que têm esta atitude, exigindo-se para isso o conhecimento dos textos da História da Filosofia e, principalmente, a criação do hábito de pensar de maneira rigorosa e crítica.

Falamos, portanto, da Filosofia que quebra com o nosso saber prático do dia a dia, e que nem sempre nos agrada, pois à primeira vista parece ser perda de tempo ou incômodo exagerado com as coisas, deixando-nos, quem sabe, angustiados demais, para além do conveniente.

O filósofo pode parecer alguém desligado da realidade, vivendo nas nuvens, em coisas abstratas, distraído, perdido ou aparentemente alheio aos problemas concretos da vida. Como exemplo desta visão preconceituosa da filosofia, temos a história do antigo sábio grego, chamado Tales, que, ao olhar para o céu a fim de entender os movimentos das estrelas, acabou caindo num poço. Ou com um ditado popular italiano bastante conhecido: “a Filosofia é a ciência com a qual ou sem a qual tudo continua tal e qual!”.

É claro que tudo isso não é verdade. O filósofo, ao contrário de ser uma pessoa distante do mundo, preocupa-se a fundo com suas questões e não se contenta com as coisas óbvias. Ele é inimigo mortal de qualquer fanatismo, de qualquer dogmatismo (crença não explicada). Todo filósofo é um porta-voz consciente de um povo.

Filósofo não inventa a realidade, mas interpreta a realidade em que vive. Assim, podemos afirmar que toda filosofia é e deve ser radical, pois não se contenta em ficar na superfície das coisas, mas procura ir às raízes (por isso, radical), busca desvendar os porquês das coisas.

O filósofo faz perguntas do tipo: o que é a realidade? Como a realidade é? Por que a realidade é assim? Ele procura a essência (aquilo que torna uma coisa aquilo que ela é), o significado e a origem do que quer conhecer.

O filósofo reflete. Falar de reflexão lembra o espelho no qual a gente se reflete. Pois bem: filosofar é refletir. É um movimento de volta sobre si mesmo. Refletir é pensar o próprio pensamento. É esta capacidade humana que nos distingue dos seres animais.

De toda forma, quem prefere uma vida tranquila, uma vida mais grudada ao cotidiano, ao terra-a-terra, fica longe da Filosofia. E quem quer alcançar maior profundidade, quem gosta de chegar às raízes, ser mais radical, vai precisar dela, mesmo que isso não lhe venha a trazer certezas ou tranquilidade.

O filósofo é quem assume correr o risco de viver mais inseguro, ter cada vez mais perguntas, e não respostas. Esta atitude filosófica deve ser claramente separada da mera opinião ou dos gostos pessoais. Não é filosófico dizer “eu acho que”, “eu gosto de”... A filosofia estabeleceu-se como saber lógico, rigoroso, que quebra o senso comum, ou seja, que não se contenta com aquilo que nos é contado sem explicações, sem sabermos os porquês.


ESPECIFICIDADE DO CONHECIMENTO FILOSÓFICO


Filosofia é o esforço racional para tentar compreender o Universo. Assim, podemos perceber a diferença entre religião e filosofia.

A religião tem por base a fé, pela qual se aceitam verdades não demonstráveis e que tantos consideram até mesmo irracionais. Claro que isso não significa que, sob todos os pontos de vista, as verdades de fé não sejam aceitáveis. Até mesmo alguns filósofos, como São Tomás de Aquino, na Idade Média, tentou mostrar que fé e razão não eram incompatíveis. Já a filosofia, como lemos antes, preocupa-se com o conhecimento racional, com a origem (raiz), a ética, a política, a estética, as quais estudaremos mais tarde.

Assim, a filosofia é reflexão, é crítica e é análise. Isso não quer dizer que ciência e filosofia são a mesma coisa. As ciências estudam “o quê” e o “como” dos fenômenos, enquanto a filosofia estuda o “porquê” e o “que é”.




OS GREGOS INVENTAM A FILOSOFIA


A filosofia tem uma história de mais de dois mil e quinhentos anos. Nascida na Grécia Antiga, ali se consolidou, tornando-se uma das principais marcas da civilização ocidental. Os gregos, desde os primórdios (por volta de 1500 a. C., com a civilização micênica), se concentraram nas costas do Mar Mediterrâneo, em pequenas e distintas nações, constituindo posteriormente cidades independentes e rivais entre si (as cidades-estado ou pólis). Cada cidade com sua cultura, seus hábitos, sua política. Mesmo assim, foi criada uma comunidade de língua e de religião, o que fez com que se constituíssem em um povo.

Antes do advento (surgimento) da filosofia, os gregos explicavam o mundo ao seu redor através dos mitos. Havia os mitos sobre a origem do mundo, do homem, sobre os fenômenos da natureza, entre muitos outros. Dentro da mitologia grega estavam os deuses, a quem eram atribuídas muitas coisas que aconteciam ou existiam no Universo. Por exemplo, Atenas era a deusa da sabedoria; Afrodite, a deusa da beleza; Poseidon, o deus dos mares e terremotos; Apolo, deus do sol e da verdade...

Com o passar do tempo, entre os séculos VI e V a. C., cresceu a importância das cidades-estado Esparta e Atenas. Esta última desenvolveu muito o comércio e expandiu-se em direção a outras cidades-estado, adquirindo muito poder. Atenas criou a democracia direta, sistema político em que todos os cidadãos podiam participar, e foi palco para o surgimento das artes, das tragédias, das comédias e, o que mais nos interessa, da filosofia.

Podemos afirmar então que a filosofia surgiu na Grécia no momento em que as cidades começaram a crescer, a vida em sociedade se intensificou, o comércio se desenvolveu, surgiu a moeda como forma de troca, apareceu a escrita alfabética, o calendário, e a política floresceu.

Os homens passaram a necessitar de respostas para organizar aquela nova vida social e os mitos não foram mais capazes de explicar o mundo. Além disso, os filósofos antigos passaram a acreditar que era impossível solucionar alguma questão a partir dos sentidos (tato, olfato, visão, audição, paladar), pois cada um tem sensações diferentes, nem através dos sentimentos (amor, apego, ira), pois eles são instáveis, e muito menos pelas opiniões (chamadas também de doxas), já que podem mudar a qualquer momento. Os gregos, por isso, desejaram criar uma forma de conhecimento que fosse válida para todos, em qualquer tempo e em qualquer sociedade, ou seja, um conhecimento universal, neutro, objetivo e imutável, baseado em algo que pertence a qualquer ser humano: a razão. Assim, a visão racional começou a predominar e servir de base para perguntas como: qual a origem do mundo? O que são os fenômenos da natureza? O que é o homem?

Os primeiros nomes da filosofia são os de Tales de Mileto, Heráclito, Anaximandro, Anaxágoras, Xenófanes, Parmênides e Demócrito, a quem estudaremos posteriormente. Também podemos mencionar os três maiores representantes da filosofia grega: Sócrates, Platão e Aristóteles, dos quais falaremos adiante.


SÓCRATES, PLATÃO E ARISTÓTELES


Sócrates foi um filósofo ateniense nascido em 469 a.C. e morto aos setenta anos, em 399 a. C. Seu pensamento é muito importante para o nascimento da filosofia, influenciando-a até os dias de hoje. Ele nunca deixou nada escrito, motivo pelo qual só conhecemos suas idéias através dos textos de seu mais importante discípulo e seguidor: o filósofo Platão.

O grego Sócrates desenvolveu o método da “maiêutica”, que quer dizer o “parto de idéias”. Ele fazia os jovens atenienses duvidarem de tudo aquilo que pensavam que sabiam para, a partir de então, fazê-los criar uma nova idéia vinda de dentro deles próprios. Isso era a “maiêutica”. A célebre expressão “conhece-te a ti mesmo” significa, então, a busca de uma verdade na razão de cada um de nós, o que nos faz refletir sobre as informações que nos são passadas e não apenas aceitá-las como se fossem verdades. Assim, era na filosofia, no pensamento racional, que estava a busca pela verdade. Ou ainda mais: o filósofo era aquele que buscava racionalmente a verdade.

Outra frase famosa de Sócrates é a “só sei que nada sei”. Segundo ele, reconhecer nossa própria ignorância era o primeiro e mais importante passo para a busca do conhecimento. Somente se nos livrássemos dos dogmas (crenças fechadas, sem explicações) poderíamos nos questionar sobre o mundo e, assim, aprender sobre ele. Sócrates afirmava que as pessoas deviam chegar à essência de todas as coisas (o que faz delas o que são), e não apenas no conhecimento superficial sobre elas. Assim, ele se perguntava: qual é a essência da justiça? Qual é a essência da virtude? Qual é a essência do bem?

O grego nunca buscou para si riqueza material, pois considerava que o importante da vida era o auto-desenvolvimento e a busca pelas virtudes. Há uma suposta estória de que, certa vez, Sócrates passou horas, descalço, sobre a neve, “filosofando” sobre tal fenômeno da natureza.

Sócrates foi incompreendido em sua sociedade e acusado de “corromper” a juventude, que passou a questionar os mitos e as explicações mágicas do mundo para fazer uso da razão. O filósofo passou por um julgamento e foi condenado, o que o obrigou a beber cicuta (veneno) e provocou sua morte.

O filósofo Platão, por sua vez, compartilhava muitas ideias com seu mestre Sócrates. Porém, acreditava que o filósofo não era aquele que buscava a verdade, mas sim aquele que encontrava a verdade, também por meio da razão. Para Platão, a verdade não era subjetiva (não vinha de dentro dos homens), e sim objetiva, ou seja, estava fora dos seres humanos e simplesmente existia como tal na realidade. A tarefa do homem era conhecer racionalmente essa realidade para alcançar, enfim, a verdade.

Tanto Platão quanto Sócrates pensavam que só os filósofos poderiam fazer o bem e, portanto, apenas eles seriam indicados para se encarregar da política. Platão afirmava que a tarefa dos políticos era colocar em prática a verdade alcançada com a sabedoria. O “mito da caverna”, escrito por ele, é importante para ilustrar essa ideia. O homem que saiu da caverna seria aquele que encontrou a verdade e precisou colocá-la em prática.

Platão desenvolveu ainda a ideia da existência de um mundo ideal, racional, que transcendia (ia além) inteiramente o mundo empírico (que experimentamos) e material em que vivemos. As idéias não seriam formas abstratas (sem existência fora da mente) do pensamento, mas sim realidades a serem conhecidas, objetivas, das quais tiraríamos cópias imperfeitas para criar nosso mundo material. Por exemplo: uma árvore que vemos em nossa frente, tocamos, cheiramos, sentimos, seria uma cópia imperfeita de uma árvore existente no mundo das ideias. A árvore ideal será sempre uma árvore, enquanto a árvore que vemos pode ser de vários tamanhos, formas, enfim, totalmente mutável. Desse modo, haveria dois mundos: um deles eterno e imutável, o mundo inteligível ideal e o mundo material que percebemos através dos nossos sentidos, o mundo sensível.

Falaremos, por último, do mais aplicado aluno de Platão, considerado por ele o maior leitor da Grécia: o grego Aristóteles. Este seguiu Platão por mais de vinte anos e, quando morreu seu mestre, fundou o liceu, uma espécie de escola ao ar livre, onde criou seu próprio pensamento filosófico.

Aristóteles discordava de Platão quanto à existência de dois mundos, um sensível e outro inteligível. Para o jovem discípulo, existia apenas um mundo, o sensível, este em que vivemos, apreensível pelos nossos sentidos, pela nossa experiência. A tarefa do filósofo era a de conhecer a essência imutável das coisas, através da razão, a partir dos sentidos. Aristóteles propunha uma observação incessante da natureza e a adoção de um rigoroso método que permitisse ao homem conhecer o mundo.

Ele foi o fundador da lógica, tão importante em nosso mundo contemporâneo e base de várias ciências, entre elas a física e a matemática. Outro assunto de que Aristóteles muito se ocupou foi a política. Para o pensador, “o homem é um animal político”, o que significa que a natureza dos homens faz com que se relacionem de forma a alcançar um bem no espaço da cidade, da polis (de onde deriva o nome político). Aristóteles morreu em 322 a.C.

domingo, 4 de abril de 2010

Texto de Filosofia

SEGUNDO BIMESTRE
Mas Qual a Utilidade da Filosofia? 1ºano


Sempre que procuramos querer saber o valor e a utilidade de alguma coisa em nossa vida é normal que olhemos para esta coisa tentando nos convencermos sobre o modo como a usamos em nosso dia-a-dia. Ou seja, se estamos olhando para um sapato logo pensamos que ele é muito importante para nós porque ajudará a manter nossos pés secos, confortáveis, sem a aspereza do contato com o chão, por exemplo. O que queremos de um sapato é que tenha uma utilidade para a nossa vida e que ele atenda às nossas necessidades. Por isto que não deixamos de comprá-lo e utilizá-lo como um dos principais assessórios de nossa vida.
Este mesmo pensamento nós teremos para quase todas as coisas que estão à nossa volta. As roupas, a televisão, o computador, o relógio, o copo, os talheres do jantar, os livros, o celular, a geladeira, o sabonete, enfim, se algo apresenta uma potencialidade a nos satisfazer em nossas necessidades, dizemos que esta coisa tem um valor para a nossa vida e é útil.
Contudo, existem outras coisas no mundo que são úteis. Porém não estão no mundo para satisfazerem nossas necessidades diretas como o sapato ou o relógio.
É o caso do conhecimento. Quando um cientista descobre maneiras diferentes de fazer em laboratório cheiros diversos aos que conhecemos, não reconhecemos a utilidade destes cheiros. Mas quando o perfumista faz maravilhosos perfumes, cremes e sabonetes que estarão nas nossas casas, passamos a reconhecer nestes produtos sua utilidade e a utilidade da ciência. Da mesma forma acontece com a pasta de dentes, com as sopas instantâneas, com os sucos de saquinhos, entre outros, que são consumidos por todos em larga escala.
Então, quando estamos estudando matemática, física, química, geografia, língua portuguesa, inglês, etc, conseguimos perceber a utilidade destes conhecimentos para as nossas necessidades: a matemática na hora de fazermos compras e somarmos o valor dos produtos e o dinheiro que temos ao chegarmos no caixa; a física quando formos calcular a distância de um local ao outro e o tempo que gastaremos para percorrê-lo; a química quando ocorrer reações ao jogarmos água sobre o óleo quente na hora de fazermos o arroz; a geografia quando quisermos conhecer o espaço em que estamos situados; a língua portuguesa para entendermos um ao outro e para assistirmos televisão, ler um livro, ver jornais; o inglês para entendermos algumas palavras de filmes legendados.
Mas dentre todas estas utilidades dos conhecimentos qual seria a utilidade da Filosofia?
Bem, agora a coisa fica um pouco mais complicada. Pois se colocarmos cinco filósofos e fizermos esta pergunta a eles, com certeza surgirão cinco respostas diferentes do que seja a utilidade da filosofia.
Contudo, entre todas as respostas possíveis para entendermos qual a utilidade da filosofia uma ecoará em todas as palavras dos filósofos: a filosofia é útil porque faz os seres humanos pensarem, conhecerem as palavras e se libertarem dos conceitos que os oprimem.
O Filósofo grego Pitágoras (Séc. VI a.C.) disse certa vez que o filósofo (Philos = amante + Sophia = sabedoria) é o amante do saber e a Filosofia a busca amorosa pelo saber.
Portanto, como bem disse a Professora, Filósofa e Doutora em Filosofia da USP, Marilena Chauí:
Qual será, então , a utilidade da filosofia?
Se abandonar a ingenuidade e os preconceitos do senso comum for útil;, se não se deixar guiar pela submissão às idéias dominantes e aos poderes estabelecidos for útil; se buscar compreender a significação do mundo, da cultura, da historia for útil; se conhecer o sentido das criações humanas nas artes, nas ciências e na política for útil; se dar a cada um de nós e à nossa sociedade os meios para serem conscientes de si e de suas ações numa pratica que deseja a liberdade e a felicidade para todos for útil, então podemos dizer que a Filosofia é o mais útil de todos os saberes de que os seres humanos são capazes(CHAUÍ, 2004, P.24).
A Filosofia, portanto, tem muita importância e é muito útil para a nossa vida, uma vez que é ela que possibilitará que nós tenhamos um novo olhar para a realidade. Ela possibilitará que nós percebamos a utilidade de todas as coisas à nossa volta. Pois a Filosofia nos fará ter uma visão analítco-crítico-reflexiva sobre nós mesmos, sobre as coisas e sobre o mundo a nossa volta.
Octavio Silvério de Souza Vieira Neto

Texto de Filosofia

SEGUNDO BIMESTRE

PENSAMENTOS QUE MUDARAM A REALIDADE E A HISTÓRIA HUMANA 1ºano
“Mas o que sou eu então? Uma coisa que pensa. E o que é uma coisa que pensa?"
DESCARTES


Sempre que nos colocamos a pensar o que é filosofia, logo nos vem à cabeça aqueles homens que viveram no passado, afastados da sociedade, ociosas e que pensavam sobre o que seria a natureza, o homem, a sociedade, as coisas ou os deuses. Pessoas meio malucas que deixavam de viver os momentos e benefícios que a cultura e a sociedade lhes ofereciam para ficar pensando, pensando e pensando.
De fato, foi isto o que aconteceu e acontece. Alguns homens deixaram e deixam até hoje de terem uma vida comum como a de todos os outros indivíduos da sociedade para fazerem questionamentos fundamentais sobre a realidade em que vivemos na tentativa de encontrar respostas àquelas perguntas que já dissemos aqui: quem sou eu?; de onde eu vim; e para onde eu vou?
Neste momento com o pensamento voltado para o questionamento da realidade, que a filosofia torna-se uma tentativa de buscar respostas às mais diversificadas questões: qual a ordem da natureza (phisis)?; que tipo de comportamento os homens têm consigo mesmos em relação aos outros?; em que condições político-sociais é formada a realidade?; quais os conhecimentos científicos podemos aceitar como válidos?; qual a existência e funcionalidade das coisas que existem no mundo?; entre outras.
Contudo, o que todos os filósofos sem exceção, estiveram e estão dispostos a fazerem é pensar para que a humanidade possa se instruir e compreender um pouco da realidade em que vivem. O trabalho do filósofo, consiste em criar conhecimentos para que possamos ensiná-los de geração em geração, a fim de que os seres humanos possam ver o mundo de uma nova maneira, com um novo olhar, com uma nova perspectiva. Pois o que os filósofos pretendem é propor uma determinada ordem à realidade a partir de conhecimentos que possibilitem às pessoas entenderem as regularidades na natureza, as relações sócio-políticas, as produções científicas e a criação e construção das coisas que existem no mundo.
Educar, portanto, é questionar, criar, transmitir conhecimentos, primeiramente pensados pelos filósofos e depois disponibilizados aos futuros homens e mulheres da sociedade. Nesta condição, neste processo de formação dos seres humanos e o papel do filósofo e da filosofia são fundamentais para o crescimento e progresso da humanidade. Pois, a filosofia como análise crítico-reflexiva da realidade será a base e o fundamento de todos os conhecimentos existentes no mundo: da ciência, da arte, da religião e da própria filosofia. Pois os filósofos, com a pretensão de buscar e conhecer o princípio (arché) que fundamenta a realidade, produziram e produzem os mais diversos pensamentos e conhecimentos para a humanidade.
Por isso, que em alguns momentos de nossas vids, escutaremos sempre a voz dos filósofos a dizerem sobre as coisas que não imaginávamos pensar. Quem de nós nunca ouviu frases como a: “o ser é e o não ser não é”; “ninguém entra no mesmo rio duas vezes”; “amor platônico”; “amar a Deus acima de todas as coisas”; penso, logo existo”; “ser ou não ser eis a questão”; “ pensar nos limites da razão”; “Freud explica” entre tantas outras.
Todos estes pensamentos podem parecer apenas frases sem sentido, apenas jargões populares. Mas, na realidade são o resultado de um trabalho exaustivo e que, em muitos casos, levou uma vida inteira para serem elaborados, a partir de uma busca incessante por respostas que satisfizessem os anseios por conhecimentos desprezados pela humanidade. São pensamentos e elaborações conceituais que apontaram e continuam apontando os rumos para a história e o progresso da humanidade.
O que seriam de nós, simples mortais, se não fossem os pensamentos malucos dos imortais pensadores da humanidade? Talvez estaríamos vivendo na idade da pedra lascada assistindo ao “Big Brother” da caverna lascada do vizinho, acreditando nas sombras que se projetavam nas paredes das cavernas, pensando ser o melhor cidadão da tribo por ter um couro de marca e um osso raro.
Assim, progredimos e crescemos com os pensamentos dos filósofos. Mas será que mudamos em relação aos nossos ancestrais primitivos? Ou continuamos fazendo tudo o que eles faziam?
Apesar do progresso e do crescimento da humanidade, nós ainda acreditamos ser verdadeiro coisas que são irreais ou ficções. Acreditamos em sombras e fantasmas, nós emocionamos com as novelas na televisão, criamos mundos imaginários com a literatura, ficamos horas e horas navegando no mundo virtual da internet, vivemos os prazeres da marca e da moda, aceitamos todos os benefícios da técnica em nossa vida, entre muitas outras coisas, por acreditarmos que as conhecemos e por acharmos serem verdadeiras. Mas o filósofo Nietzsche nos questionará: “por que sempre a verdade? A verdade existe? Não mudamos muito em relação aos homens das cavernas, apenas aprimoramos nosso modo de acreditar e aceitar no que os outros pensaram para nós. Aceitamos as verdades e perspectivas que nos são impostas porque é mais fácil, mais aconchegante, menos doloroso pensarmos sobre elas.
Por isso, que temos que passar a ter atitude filosófica, para que possamos correr riscos e pensarmos sobre as coisas que normalmente não penaríamos, criamos conhecimentos que não existiriam, agir para que a vida no mundo passe agradável, fraterna, inteligente, feliz e livre de imposições e verdades absolutas.
Portanto, vamos pensar filosoficamente, para podermos ver o mundo com outros olhos, os olhos da admiração, do espanto, do questionamento para que, talvez o futuro, sejam reconhecidos como filósofos que criam conhecimento e que transformaram o mundo em que viveram.
Octávio Silvério de Souza Vieira Neto

domingo, 21 de março de 2010

Textos de Sociologia

SEGUNDO BIMESTRE
INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA


A sociologia é ciência que estuda o homem em grupo e seus comportamentos sociais, morais, culturais, econômicos, entre outros. Desse modo, se junta à compreensão sociológica, a capacidade deste homem que vive em agrupamento, uma ampla análise dos conflitos: como a violência, as guerras, as crises sociais e políticas e também as atitudes de autoritarismo ou submissão de um povo frente à cultura de outro, seja por uma imposição religiosa, política, econômica, etc.
O pensamento sociológico se constitui diante um projeto intelectual tenso e contraditório, que pode ser imposto tanto por seus governantes – imposição sócio-econômica - como por seus governados. Certamente, por ter essas e outras características, podemos constatar que a sociologia representa uma poderosa arma que pode servir tanto aos interesses das classes dominantes, como para movimentos sociais e políticos que trabalham com ideologias de ruptura dessas classes, como MST (Movimento dos sem terra), partidos políticos de esquerda, sindicatos.
Então, diante de tanta contradição, como compreender a sociologia? Para que possamos compreendê-la melhor e esclarecermos esta questão, temos também que compreender outras disciplinas que são fundamentais para o desenvolvimento do nosso estudo, dentre elas citamos a filosofia, história e a geografia na parte de geo-política, pois a sociologia é um olhar investigativo que sobrevoa esse conjunto de matérias com seus respectivos conteúdos.
Desse modo, podemos entender que a sociologia é uma disciplina que vai nos chamar a atenção para uma tentativa de compreensão de situações sociais novas, criadas por ideologias e condições sociais, ou geográficas que nos auxiliam a entender melhor o comportamento social ou mesmo cultural de um determinado povo.
E, por isso, ela certamente teve a iniciativa de interferir de modo prático e ideológico, desde o seu nascimento, na mera vontade ou tentativa do homem em seus agrupamentos modificar os rumos da civilização.
Como podemos perceber, os interesses econômicos, políticos, de classes sociais, de trabalho, ideológico, são apenas alguns dos diversos aspectos que fundamentam e sustentam o pensamento sociológico.
Prof. Luciano Tavares Torres


QUAL É A ÁREA DE ATUAÇÃO DA SOCIOLOGIA?

Todas as vezes que temos um tempinho e ficamos sentados numa praça observando o vai e vem das pessoas, logo percebemos que algo acontece. Os motivos que levam uma ir e outras vir são diversos, mas, certamente, em todas há um por que disto acontecer.
Contudo, não podemos dizer que a razão disto é somente o trabalho, o dinheiro, a família, o stress da cidade grande, até porque estaríamos reduzindo muito a vidas das pessoas. Na verdade, tudo isto dito anteriormente faz parte do processo de vida do homem em sociedade. Sem dúvida, podemos considerar que é o fato das pessoas conviverem e se relacionarem que é o grande avanço social humano e, para melhor identificar e estudar esse comportamento, as Ciências Sociais se dividiu em quatro áreas específicas de conhecimento e estudo:

- Sociologia – Tem como área de atuação as relações de interação sociais e toda sua forma de associação como seus grupos, suas divisões, as camadas sociais, sua mobilidade social, enfim, tudo o que ocorre na vida em sociedade como cooperação, conflitos e competição na sociedade.

- Economia - Estuda todas as atividades humanas ligadas à produção de bens e serviços, a circulação de moeda e mercadorias, distribuição de renda e lucros na sociedade, o consumo, as políticas sociais de trabalho, emprego, salário, a produtividade de empresas e todo o emprego do capital (dinheiro) na sociedade.

- Antropologia – Pesquisa e estuda toda e qualquer semelhança e diferença existentes entre as diversas culturas e os agrupamentos humanos que ocorrem no mundo. Outra característica é o estudo de determinada sociedade frente à certos problemas e seus respectivos comportamentos ocasionados, sejam por fenômenos naturais, sociais ou econômicos. A leitura e análise da diversidade cultural, o modo de organização familiar, religiosa, da juventude, idoso, da mulher, entre outros, são também objeto de estudos da antropologia.

Ciência Política - Estuda como ocorre a distribuição de poder na sociedade, a sua formação e organização política e governamental, por exemplo; a formação dos partidos políticos, as eleições, entre outros.

Como podemos observar, não existe uma nítida divisão nas áreas de atuação das ciências sociais, embora cada uma tenha um olhar específico para analisar a sociedade. Nesse caso, podemos considerar portanto, a ciências sociais como aquele lugar que nos permite entender melhor a sociedade que vivemos e todos os processos sociais que nos rodeiam.

Prof. Luciano Tavares Torres


O QUE É FATO SOCIAL?

Antes de procurar saber qual é o método que convém ao estudo dos fatos sociais, é preciso determinar quais são esses fatos. Se não me submeto às normas da sociedade, se ao vestir-me não levo em conta os costumes seguidos no meu país e na minha classe, o riso que provoco e o afastamento a que me submeto produzem, embora de forma mais atenuada, os mesmo efeitos de uma pana propriamente dita.
Aliais, apesar de indireta, a coação não deixa de ser eficaz. Não sou obrigado a falar a língua de meu país, nem a usar as moedas legais, mas é impossível agir de outro modo. Se tentasse escapar a essa necessidade, minha tentativa seria um completo racasso. Se for industrial, nada me proíbe de utilizar equipamentos e métodos do século passado: mas se fizer isso, com certeza vou arruinar-me.
Mesmo quando posso liberta-me desobedecer, sempre serei obrigado a lutar contra tais regras. A resistência que elas impõem são uma de sua força, mesmo quando as pessoas conseguem finalmente vencê-las. Todos os inovadores, mesmo os bem sucedidos, tiveram de lutar contra oposição desse tipo.
Aqui está, portanto, um tipo de fatos que apresentam caracteristicas muito especiais: consistem em maneiras de agir, pensar e sentir exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder coercitivo em virtude do qual se impõem como obrigação. Por isso, não poderiam ser confundidos com os fenômenos orgânicos, pois consistem em representações e ação: nem com os fenômenos, psíquicos, pois estes só existem na mente dos indivíduos e devido a ela. Constituem, portanto, uma espécie nova de fatos, que devem ser qualificados como sociais.



O QUE INTERESSA AOS SOCIÓLOGOS?

Os homens em todo o mundo vivem em grupo. Isto favorece os sociólogos, uma vez que as consequências da vida em grupo são o objeto de estudo da Sociologia. O interesse pelos grupos é o que diferencia os sociólogos dos outros cientistas sociais. Entre outras coisas, os sociólogos querem saber: Por que grupos como a família, a tribo ou a nação sobrevivem através dos tempos até mesmo durante as guerras ou revoluções?
Por que um soldado deve lutar e enfrentar a morte, quando poderia esconder-se ou fugir? Por que o homem se casa e assume responsabilidades de família, quando poderia, com a mesma facilidade, satisfazer seus impulsos sexuais fora do casamento? Será que as pessoas que vivem em fritos pré-letradas isoladas, se comportam diferentemente das que vivem em Nova York, ou num subúrbio paraense? Os sociólogos interessam-se igualmente pelas causas das mudanças ou da desintegração nos grupos. Por exemplo, querem saber por que alguns casamentos terminam em divórcio. Querem saber por que há um maior número de divórcios em alguns países do que em outros, e por que o número divórcios aumenta ou diminui com o tempo. Querem saber, ainda, se o comportamento das pessoas se modifica depois de uma mudança do campo para a cidade ou da cidade para os subúrbios.
Finalmente, os sociólogos estudam o relacionamento entre os membros de um grupo e entre os grupos. Qual è o relacionamento entre marido e mulher e entre país e filho nos Estados Unidos de hoje? Assemelha-se esse relacionamento ao da família americana antiga em outros países? Quais as causas do conflito entre negros e brancos no Sul? O trabalho, a industria e o governo nos Estados Unidos estarão relacionados entre si da mesma forma que os similares na Austrália ou na Rússia?Por que alguns grupos da sociedade possuem riqueza e rnuá prestigio que outros?


COMO NASCEU A SOCIOLOGIA?

Augusto Comte (1798-1857) é tradicionalmente considerado pai da sociologia. Foi ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, no seu Curso de Filosofia Positiva. Mas foi com Emile Durkheim (1858-1917) que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência e como tal se desenvolveu.
Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia è estudo dos fatos sociais. Um exemplo simples nos ajuda a entender o conceito de fato social, segundo Durkheim: Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa adequada. Existe um modo de vestir, que todos seguem. Isso é estabelecido. Quando ele entrou no grupo, já existe tal norma quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O modo de se vestir é um falo social.
São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, as religiões, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo. Para Durkheim, os latos sociais são os modos de pensar, sentir e agir de um grupo social. Embora existam na mente do indivíduo, são exteriores a ele e exercem sobre ele poder coercitivo. Resumindo, podemos dizer que os fatos sociais têm as seguintes características:

• Generalidade - o fato social é comum aos membros de um grupo;
• Exterioridade - o fato social é externo ao indivíduo, existe independentemente de sua vontade;
• Coercitividade - os indivíduos vêem-se obrigados a seguir o comportamento estabelecido.

Em virtude dessas características, para Durkheim os fatos sociais podem ser estudados objetivamente, como "coisa". Como a Biologia e a física estudam os fatos da natureza, a Sociologia pode fazer o mesmo com os fatos sociais. As obras de Durkheim foram importantíssimas para definir os métodos de trabalho dos sociólogos e estabelecer os principais conceitos da nova ciência. Entre essas obras, destacamos: A divisão do trabalho social e As regras do método sociológico.

BIBLIOGRAFIA:
"O que é Sociologia" - Autor: Carios B. Martins/Introdução à sociologia - Pérsio Santzos de Oliveira
“Filosofia e Sociologia” – Autor: Marilena Chauí & Pérsio Santos de Oliveira

Sociologia

Olá pessoal!

Estou disponibilizando para todas as turmas do colégio textos introdutórios para auxiliá-los no entendimento da disciplina. Espero que gostem! Em cada uma das turmas estão perguntas correspondente aos textos.

Espero que gostem!

Abraços, Luciano.

domingo, 14 de março de 2010

Apresentação

Olá pessoal!

O nosso blog, "Ágora Virtual", tem o intuito de promover discussões e argumentos reflexivos pertinentes aos temas de filosofia apresentados em sala de aula. A iniciativa de elaborar este blog é provocar nos alunos da escola a construção de um espaço coletivo, participativo e de debates críticos, do mesmo modo que acontecia nas antigas Ágoras Gregas (praças públicas).
Sejam bem vindos à nossa mais nova praça pública da cidade virtual. Bom passeio e bom debate para todos!

Abraços,

Luciano.