terça-feira, 16 de novembro de 2010

FILOSOFIA

TEXTO - 4º BIMESTRE 2010
As concepções da verdade e a História

As várias concepções da verdade que foram expostas estão articuladas com mudanças históricas, tanto no sentido de mudanças na estrutura e organização das sociedades, como quanto no sentido de mudanças no interior da própria Filosofia.
Assim, por exemplo, nas sociedades antigas, baseadas no trabalho escravo, a idéia da verdade como utilidade e eficácia prática não poderia aparecer, pois a verdade é considerada a forma superior do espírito humano, portanto, desligada do trabalho e das técnicas, e tomada como um valor autônomo do conhecimento enquanto pura contemplação da realidade, isto é, como theoria.
Nas sociedades nascidas com o capitalismo, em que o trabalho escravo e servil é substituído pelo trabalho livre e em que é elaborada a idéia de indivíduo como um átomo social, isto é, como um ser que pode ser conhecido e pensado por si mesmo e sem os outros, a verdade tenderá a ser concebida como dependendo exclusivamente das operações do sujeito do conhecimento ou da consciência de si reflexiva autônoma.
Também nas sociedades capitalistas, regidas pelo princípio do crescimento ou acumulação do capital por meio do crescimento das forças produtivas (trabalho e técnicas) e por meio do aumento da capacidade industrial para dominar e controlar as forças da Natureza e a sociedade, a verdade tenderá a aparecer como utilidade e eficácia, ou seja, como algo que tenha uso prático e verificável. Assim como o trabalho deve produzir lucro, também o conhecimento deve produzir resultados úteis.
Numa sociedade altamente tecnológica, como a do século XX ocidental europeu e norte-americano, em que as pesquisas científicas tendem a criar nos laboratórios o próprio objeto do conhecimento, isto é, em que o objeto do conhecimento é uma construção do pensamento científico ou um constructus produzido pelas teorias e pelas experimentações, a verdade tende a ser considerada a forma lógica e coerente assumida pela própria teoria, bem como a ser considerada como o consenso teórico estabelecido entre os membros das comunidades de pesquisadores.
A verdade, portanto, como a razão, está na História e é histórica. Também as transformações internas à própria Filosofia modificam a concepção da verdade. A teoria da verdade como correspondência entre coisa e idéia, ou fato e idéia, liga-se à concepção realista da razão e do conhecimento, isto é, à prioridade do objeto do conhecimento, ou realidade, sobre o sujeito do conhecimento. Ao contrário, a concepção da verdade como coerência interna e lógica das idéias ou dos conceitos liga-se à concepção idealista da razão e do conhecimento, isto é, à prioridade do sujeito do conhecimento ou do pensamento sobre o objeto a ser conhecido.
As concepções históricas e as transformações internas ao conhecimento mostram que as várias concepções da verdade não são arbitrárias nem casuais ou acidentais, mas possuem causas e motivos que as explicam, e que a cada formação social e a cada mudança interna do conhecimento surge a exigência de reformular a concepção da verdade para que o saber possa realizar-se.
As verdades (os conteúdos conhecidos) mudam, a idéia da verdade (a forma de conhecer) muda, mas não muda a busca do verdadeiro, isto é, permanece a exigência de vencer o senso-comum, o dogmatismo, a atitude natural e seus preconceitos. É a procura da verdade e o desejo de estar no verdadeiro que permanecem. A verdade se conserva, portanto, como o valor mais alto a que aspira o pensamento.

Bibliografia:
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. Ed. Ática, São Paulo, 2000.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SOCIOLOGIA

TEXTO - 4º BIMESTRE 2010

Afinal, o que é sociologia?
A sociologia: compromisso com o conhecimento:
Como você pôde compreender, a sociologia nos auxilia a entender os vários aspectos da formação de um cidadão consciente e atuante. As problematizações de vários aspectos da vida social e a subseqüente reflexão sobre eles provavelmente provocaram mudanças no modo de ver ou de considerar os acontecimentos sociais.
Nesse sentido, avaliamos que estudar a sociedade é completamente diferente de estudar o mundo físico, ou seja, a sociedade não é um fato natural, mas uma construção social. Por exemplo: a pobreza e a exclusão social são fenômenos sociais e, como tais, decorrentes tanto da estrutura social quanto da ação dos diferentes agentes sociais. Como exemplo de instituições familiares que sofreram com grandes modificações no transcorrer do processo histórico.
A constituição da família está diretamente relacionada com aspectos primordiais da vida social: ou antes, com o modo de organização da própria sociedade. Assim, a organização da vida familiar não depende apenas das escolhas dos responsáveis por ela (geralmente um homem e uma mulher), mas da própria organização da vida social. Isso significa que a família continua a transformar-se: as modificações ocorridas em seu interior representam uma tendência social. A atual propensão para o desaparecimento das famílias numerosas, que são substituídas por famílias menores, compostas por até quatro pessoas, constitui um novo fenômeno social, assim como, é normal famílias que optam por não terem filhos.
Outro fenômeno é o número de pessoas que moram sozinhas. Morar sozinho ou manter um relacionamento amoroso são alternativas sociais, não cabendo a sociologia julgá-las, e sim compreendê-las no âmbito dos processos históricos-sociais.
Contudo, somente é possível as transformações sociais se estes estiverem associados à construção da cidadania e à expansão e à consolidação dos valores democráticos. O papel da escola na formação dos indivíduos é fundamental até porque ela é uns dos poucos instrumentos possíveis para a formação do cidadão e para o acesso aos principais postos do mercado de trabalho.
A investigação sociológica não privilegia apenas a relação entre o indivíduo e a sociedade nem se contenta em estudar as principais instituições sociais, como a família e a escola, mas também se volta para a análise das grandes estruturas sociais, como o Estado ou os processos econômicos. Ou seja, a Sociologia comporta tanto uma visão micro quanto uma visão macro de mundo.
Os estudos sociológicos também ensinam a desconfiar das aparências sociais ou de valores dominantes, demonstrando que a visão do senso comum sobre a sociedade pode ser enganosa, preconceituosa ou estereotipada. A sociologia mostra que o mundo social nem sempre é realmente como aparece à primeira vista. Isso equivaleria, no campo das ciências naturais, a considerar verdadeiro o que se manifesta de imediato aos sentidos: um pesquisador que procedesse desse modo não hesitaria em dizer que a Terra seria o centro do mundo e que o sol gira ao redor dela!
A aparência social constitui a ideologia de um grupo, podendo se expressar na linguagem, na ordenação sintática das frases, nos chavões e clichês sociais, nas piadas, nas frases, nos slogans sociais, etc.
Como podemos perceber, a Sociologia é uma disciplina que tenta a todo instante captar as contradições sociais e acompanhar em certa medida o dinamismo da sociedade, para que a partir daí possa conhecer mais de perto o homem e todo seu contexto social.

Blibliografia:
Cristina, Débora de., Faroni, Alexandre. Ser Protagonista – Sociologia. Vol. Único.2010. Ed. SM.
Adaptação de texto Luciano Tavares To
rres.