terça-feira, 17 de agosto de 2010

SOCIOLOGIA

3º Bimestre

A escola e o controle social


Você já pensou como seria a sociedade se não houvesse normas e regras baseadas nos valores aceitos e já consagrados por ela e que devem ser seguidas por todos? Certamente seria difícil ou até mesmo impossível pensar em socialização sem essas bases. É por isso que a própria sociedade cria mecanismos para coagir os indivíduos a se comportarem de acordo com esses princípios estabelecidos. Espera-se que cada um desempenhe seus papéis sociais. Quando isso não acontece faz-se necessário algum tipo de controle, que pode ser social ou individual.
Percebeu que tipo de relação está por trás do que está se discutindo? Acertou! É uma relação de poder, na qual alguém que exerce o poder impõe aos outros indivíduos o seu ponto de vista ou as suas regras. Mesmo quando está se falando em sociedade, sempre há alguém que efetivamente desempenha o papel de controlar os demais. Mas é interessante observar que o controle social não tem um agente específico; pelo contrário, pode acontecer de várias formas.
Segundo Lenhard, padrões sociais de comportamento são “regularidades que a sociedade impõe mediante uma coação que pode variar entre intensa e aberta, por um lado, e suave e sutil, por outro”. (1985,p81). Ainda de acordo com o autor, esses padrões “diferenciam-se, uns dos outros, segundo o grau de obrigatoriedade com que são impostos e segundo a sua persistência”(p.81). Assim, o que se pode entender é que esses modelos de comportamento que servem de base para o desenvolvimento do grupo social e para avaliação do próprio grupo estão profundamente ligados a questão de poder. Uma vez que pode haver imposição de um padrão de comportamento, podemos concluir que haverá algum ou um determinado grupo que dispõe de mecanismos para conseguir isso e que esses estão baseados numa relação de força estabelecida de acordo com o desejo e/ou interesse de quem exerce o poder.
Esse aspecto é importante para entendermos porque certos comportamentos considerados desviantes podem ser tão fortemente combatidos: eles podem abalar a ordem estabelecida e até mesmo questionar a própria estrutura de poder. Segundo o grau de obrigatoriedade dos padrões de comportamento, podem ser definidos por usos, costumes, moral e lei. Pense numa escala crescente em termos de constrangimento ou da força que é imposta ao indivíduo, vamos dos costumes às leis, sendo essa forma a que mais se aproxima da obrigação. Todos somos obrigados a respeitar certas leis; entretanto, entendemos que nem todas, caso sejam desrespeitadas, implicam em danos morais sérios para o grupo social.
Os costumes chamados de mores pelos sociólogos, tem uma forte conotação moral, estão ligados ao que a sociedade considera como sendo o aceitável. Finalmente, os usos são aqueles padrões seguidos pelos membros de um grupo de uma forma quase “natural”, sem que haja a necessidade de imposição social mais explícita. É o caso, por exemplo, de se respeitar os horários convencionais pelo grupo para se fazer as refeições. Os usos e costumes mudam mais rapidamente e com mais facilidade do que as leis, as quais demandam muitas discussões antes de serem alteradas.
A persistência ou a mudança de padrões de comportamento dependerá bastante da importância que a sociedade dá para certos valores, podendo mudar com facilidade ou até mesmo transformar-se num tipo de tradição.


Padrões sociais de comportamento

Os padrões sociais de comportamento são construídos historicamente ao longo do desenvolvimento da sociedade, de acordo com o contexto de cada época. As regras, normas e valores sociais não são estáticos. Bem, isso você já sabe não é? Mas é importante lembrar que não deixam de existir em momento algum; apenas são substituídos por outros, mais adequados à conjuntura do momento. E, é claro, nem sempre as coisas mudam tão rapidamente. Às vezes, é preciso muito tempo ou alguma transformação radical na estrutura da sociedade para que se possa perceber que as regras do jogo mudaram. Sim, do jogo, porque a vida em sociedade não deixa de ser um jogo, no qual cada peça desempenha um papel e tem uma função específica.
É por meio do controle social que a sociedade, por meio de seus agentes socializadores, consegue pressionar seus membros no sentido de apresentarem o comportamento esperado de acordo com os papéis que cada indivíduo desempenha, sempre no sentido de reforçar as atitudes e os valores permitidos e aceitos socialmente. A persuasão ou a coersão serão os meios utilizados na maioria das vezes para exercer o controle sobre os membros da sociedade, reforçando as atitudes “adequadas”.
Uma das formas de controle social mais eficazes na atualidade são os meios de comunicação de massa, especialmente a mídia eletrônica. Como você sabe, o fornecimento de modelos de comportamento e de atitudes encontra nessa forma de comunicação um agente de socialização. Para o bem e para o mal, digamos assim, de modo geral contribui para consolidar uma sociedade pautada no consumismo, no imediatismo e na transmissão e debates de fatos importantes para a sociedade. Dessa maneira não deixa de exercer seu papel educativo, mesmo que nem sempre esteja contribuído para a formação e/ou consolidação da cidadania da população.
Mas como estabelecer o que é um comportamento “adequado”? É pelo processo de socialização que se aprende, desde criança, como devemos nos comportar em cada situação social, tendo quase sempre um referencial para isso, que normalmente é a família, ao lado da escola. Esses padrões regulares de comportamento podem ser determinados pelos diversos agentes de socialização sujeitos às mudanças decorrentes de uma nova configuração do poder, de acordo com os interesses do estrato social dominante.
É importante lembrar que esses comportamentos ditos adequados estão fortemente relacionados ao que se entende por papel social já que as normas e regras de condutas são estabelecidas de acordo com as expectativas em torno da(s) função(ões) que o indivíduo tem na sociedade. É o papel social que de certa maneira “amarra” os sistemas de conduta, dando-lhes legitimidade e garantindo a estabilidade social. Na medida em que o indivíduo não consiga se adequar e/ou não aceite o (s) papel(eis) que lhe foi (foram) atribuído(s), pode reagir de forma a desestabilizar o sistema social como um todo provisória ou permanente.
Isso quer dizer que nem sempre é possível manter um nível de relacionamento baseado na harmonia, uma vez que cada indivíduo estará sempre em busca de satisfação dos seus próprios interesses. Por mais que entenda como fundamental manter um comportamento dentro do que se espera, a partir dos papéis sociais que desempenha, a partir da posição social que ocupa por conta da valorização desses papéis, em algum momento pode começar a achar que deve ou precisa mudar. E o primeiro sinal de mudança poderá ser visto já no seu comportamento.

Bibliografia:
- Demeterco, Solange Menezes da Silva. Sociologia da educação. Curitiba: IESDE Brasil S.A. 2006. 96p.